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Como Tudo Começou

Colapsos e Desligamentos no Autismo Adulto

  Mulheres Autistas: elas existem e precisam de atenção      As mulheres autistas são normalmente diagnosticadas tardiamente porque sempre mascaram suas características pois pensam que camuflando sua personalidade e dificuldades serão aceitas socialmente.     Minha filha Caroline de 28 anos não é diferente disso. Justamente pelo mascaramento e nas tentativas frustradas de se manter parecida com a maioria, tem crises de meltdown e shutdown constantemente.     Os motivos podem variar, muitas vezes após muitas interações sociais em determinado dia, em algumas horas posteriores a crise de choro vem e as vezes quando é mais grave ela parece desligar do mundo e fica deitada por horas sem fazer nada, quase imóvel e alheia a tudo. Neste momento ela até perde a noção do tempo.      Algumas vezes essas crises podem ser sensoriais, causadas por algum som, luz ou gritos.  Alguns exemplos que ela vivenciou:     Certo dia, quando...

Sinais de Autismo em Crianças

 

criança autista com desenho do cérebro

    Depois de perceber que o Vitor era diferente nas emoções: nervoso, irritado, ansioso, pensamento vago e que não me obedecia quando conversava com ele, comecei a perceber outros sinais que me deixavam com mais certeza dos sintomas de autismo infantil "leve" que ele tinha.

Sintomas do Autismo na infância e como identificar precocemente

    Ele tinha a necessidade de organizar seus brinquedos por uma cor especial: o amarelo. Todos os objetos tinham que ser amarelos, além disso quando encontrava objetos amarelos ele organizava e ninguém podia retirar ou mudar de lugar sem seu consentimento, isso geraria novas crises de frustração.

    Na Escola me informaram que ele fazia isso mas as professoras não permitiam, achavam que ele estava fazendo algo injusto. Questionei se não era melhor deixar, mas elas não me compreendiam e muito menos, o Vitor.

    Guardava tudo no meu coração, estava sozinha, percebendo diferenças e não encontrava com quem compartilhar. Resolvi buscar um neuropediatra com a esperança de me ajudar, me compreender, de medicar o Vitor pois temia dele ter algum tipo de trauma pois nas crises ele muitas vezes jogava a cabeça para trás com força e quando meu marido tentava protegê-lo ele ficar pior, mais enraivecido, muito triste quando relembro. Esse é um dos motivos que me impulsionou a escrever, pois hoje temos meios para compartilharmos experiências que nos ajudem a ter uma vida mais equilibrada com filhos autistas. Isso é possível, mas há necessidade de buscar conhecimento sempre.

Autismo infantil: tudo que você precisa saber

    A neuropediatra medicou com um remédio muito forte e diagnosticou em 15 minutos de consulta que ele tinha TDaH, transtorno de deficit de atenção e hiperatividade. Fiquei pensativa e surpresa, mas deixei claro que não era distraído, ao contrário, muito concentrado que até parecia não ouvir quando chamávamos. Hoje entendo que era o hiperfoco que fazia isso. Ele sempre tinha algo que lhe interessava e precisava ver várias vezes: primeiro foi "formas", depois "Numberblocks", depois "corpo humano" ele gostava de ouvir os vídeos todos em inglês, lembro bem que até falaram que ele iria ser médico. Depois ele hiperfocou em "bandeiras do mundo", depois as "capitais do mundo" e ainda nos "mapas do mundo" e o detalhe: tudo isso em inglês. Depois ele gostou muito do "Alphabeth Lore" tudo em inglês também e com música, isso era um fato que observava. Como ele me pediu muito comprei a ele 2 letras do Alphabeth Lore, o "H" e o "K" que eram os preferidos.

    Comprei um quebra cabeças de países para ele, montou algumas vezes, ele gostava muito de imprimir bandeiras, ele pintava e ajudava ele a colar nos palitos de churrasco. Uma vez depois de reunir todas as bandeiras espetamos numa tampa de caixa de papelão ele sempre mexia, arrumava, interagia com elas, mas sempre precisava de alguém, sozinho, nunca.

Autismo leve (nível 1): o que é e quais as características

   Pesquisei bastante sobre o assunto e vi que havia um risco em afetar o desenvolvimento cerebral de crianças com remédios fortes, que o desenvolvimento completo do cérebro se dá por volta dos 7 anos. Conversei com meu marido e resolvemos aguardar. Tentei alternativas com xaropes a base de maracujá mas não funcionaram para ele. 

desenho de um cérebro de autista com uma criança empilhando brinquedos

      Mas a neuropediatra tinha encaminhado meu filho para fazer Terapia Ocupacional, nem sabia que existia isso, achei interessante e vi que seria ótimo para o Vitor. Encontrei uma terapeuta que ele se adaptou rapidamente, ela estava sempre sorrindo mas era muito firme com ele, as vezes achava que até demais, no meio das crises dele ela mantinha sua palavra e demorava muito para ele se recuperar, ouvia os gritos vindos da sala, quase desisti do tratamento, tentei conversar com ela a respeito do autismo mas ela disse ele não parecia autista. Cheguei a encaminhar alguns vídeos sobre o comportamento dele em casa e ela demonstrava que o comportamento dele era a minha maneira errada de educá-lo. Me senti novamente incompreendida, mas não quis deixá-lo sem atendimento, principalmente porque já estava sem medicamento. Sofria muito internamente. Além disso meu marido sempre afirmava que eu estava exagerando que ele só era irritadiço que quando crescesse essas crises iriam passar. Mais uma incompreensão. Mas eu tinha razão: como o hiperfoco está relacionado ao espectro!

Sinais de autismo em crianças de 7 anos

    Quando o Vitor ficou um pouco maior, com 6 anos ele passou a conhecer os joguinhos de internet e teve o hiperfoco primeiramente no "Plants versus Zombies" depois no "Pocket Ants" e "Minecraft", este último não gostei nada pois passou a focar nos yotubers rapazes que ele assiste até hoje contra a minha vontade pois não ensinam nada, falam com muitas gírias e mostram valores diferentes daqueles que prezo e procuro ensinar pra ele. Estipulo um horário para assistir mas é uma luta, ele quer sempre assistir mais. Mas sempre coloco um temporizador com uma musiquinha que avisa que o tempo acabou e ele demora até parar realmente, uma luta diária.

    Resolvi comprar para ele uma cama elástica pequena já que a terapeuta me contou que ele gostava muito da que ela tinha, sempre pulava e ajudava a diminuir a ansiedade. Tive que fazer uma capa pois onde tem as molas o pé dele entra e machuca. Comprei também um teclado de brinquedo já que ele gostava de música, durou poucas semanas, ele batia muito forte, derrubava, as vezes jogava longe, parecia não perceber que era desajeitado para apertar as teclas e cuidar de seus pertences. Mas enquanto durou percebi que ajudou muito, notei que ele conseguia tocar algumas musiquinhas decorando a ordem das teclas, tinha uma memória visual e auditiva muito desenvolvida.    

    O Transtorno de Asperger, que é um subtipo do Transtorno do Espectro Autista (TEA), pode se manifestar de várias maneiras em crianças aos 7 anos. Embora o Transtorno de Asperger seja agora diagnosticado sob o termo geral "Transtorno do Espectro Autista", alguns sinais típicos podem incluir:

  1. Dificuldades de Interação Social: A criança pode ter dificuldades em compreender normas sociais, fazer amigos ou manter interações sociais apropriadas para a idade. Pode parecer desinteressada em brincadeiras coletivas ou ter dificuldades em interpretar expressões faciais e linguagem corporal.
  2. Comportamentos Repetitivos e Interesses Restritos: Ela pode demonstrar interesses intensos e focados em tópicos específicos, muitas vezes desproporcionais para a idade. Além disso, pode engajar-se em rituais ou rotinas repetitivas e ficar angustiada se essas rotinas forem interrompidas.
  3. Dificuldades de Comunicação: Embora a linguagem possa ser desenvolvida, a criança pode ter dificuldades na comunicação não verbal, como entender nuances e metáforas. Pode também ter uma fala que parece formal ou robótica e dificuldade em manter uma conversa.
  4. Sensibilidade Sensorial: A criança pode ser altamente sensível a estímulos sensoriais, como luzes, sons, texturas ou sabores. Isso pode levar a reações desproporcionais a estímulos que outras crianças podem achar toleráveis.
  5. Dificuldades de Coordenação Motora: Pode haver desafios na coordenação motora fina e grossa, como dificuldade para escrever, usar utensílios ou participar de atividades físicas.
  6. Pensamento Literal: A criança pode interpretar a linguagem de forma muito literal e ter dificuldades em entender piadas, sarcasmo ou figuras de linguagem.
  7. Interesses e Habilidades Especiais: Muitas crianças com Asperger desenvolvem habilidades avançadas ou um interesse profundo em áreas específicas, como matemática, música ou ciência.
  8. Desafios Emocionais: Pode haver dificuldades em lidar com mudanças ou situações novas, levando a estresse ou reações emocionais intensas.

    Meu filho foi diagnosticado como Asperger, ou seja, nível 1 de suporte mas hoje em 2024 o termo é simplesmente TEA e dizer que é leve depende da ótica, pois o emocional é totalmente abalado e causa grande sofrimento para a criança e para quem cuida dela.

    Penso que a principal diferença é que a criança fala e às vezes consegue expressar o que lhe causa incômodo, medo, frustração, etc. Já as crianças autistas que não falam é mais difícil pois muitas vezes não conseguimos entender o que está lhe causando o incômodo, o medo e a frustração...

    Em 2024, o Transtorno de Asperger é diagnosticado sob o termo mais amplo "Transtorno do Espectro Autista" (TEA). A classificação do Transtorno de Asperger foi integrada no diagnóstico de TEA pela American Psychiatric Association (APA) com a publicação do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-5) em 2013.

O DSM-5, que é a principal referência para diagnósticos psiquiátricos, consolidou diversos diagnósticos relacionados ao autismo em um único espectro, refletindo uma compreensão mais abrangente das variações no comportamento e na função social. Assim, o diagnóstico de Asperger, antes considerado um transtorno separado, agora faz parte do espectro geral do TEA. No entanto, muitas pessoas e profissionais ainda utilizam o termo "Asperger" para se referir a indivíduos com características mais leves do espectro, especialmente em contextos informais ou em discussões sobre a identidade pessoal.

Portanto, enquanto o termo técnico para o diagnóstico é "Transtorno do Espectro Autista", a expressão "Asperger" pode ser usada para descrever indivíduos que se encaixam em um perfil específico dentro desse espectro.

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