Depois de perceber que o Vitor era diferente nas emoções: nervoso, irritado, ansioso, pensamento vago e que não me obedecia quando conversava com ele, comecei a perceber outros sinais que me deixavam com mais certeza dos sintomas de autismo infantil "leve" que ele tinha.
Sintomas do Autismo na infância e como identificar precocemente
Ele tinha a necessidade de organizar seus brinquedos por uma cor especial: o amarelo. Todos os objetos tinham que ser amarelos, além disso quando encontrava objetos amarelos ele organizava e ninguém podia retirar ou mudar de lugar sem seu consentimento, isso geraria novas crises de frustração.
Na Escola me informaram que ele fazia isso mas as professoras não permitiam, achavam que ele estava fazendo algo injusto. Questionei se não era melhor deixar, mas elas não me compreendiam e muito menos, o Vitor.
Guardava tudo no meu coração, estava sozinha, percebendo diferenças e não encontrava com quem compartilhar. Resolvi buscar um neuropediatra com a esperança de me ajudar, me compreender, de medicar o Vitor pois temia dele ter algum tipo de trauma pois nas crises ele muitas vezes jogava a cabeça para trás com força e quando meu marido tentava protegê-lo ele ficar pior, mais enraivecido, muito triste quando relembro. Esse é um dos motivos que me impulsionou a escrever, pois hoje temos meios para compartilharmos experiências que nos ajudem a ter uma vida mais equilibrada com filhos autistas. Isso é possível, mas há necessidade de buscar conhecimento sempre.
Autismo infantil: tudo que você precisa saber
A neuropediatra medicou com um remédio muito forte e diagnosticou em 15 minutos de consulta que ele tinha TDaH, transtorno de deficit de atenção e hiperatividade. Fiquei pensativa e surpresa, mas deixei claro que não era distraído, ao contrário, muito concentrado que até parecia não ouvir quando chamávamos. Hoje entendo que era o hiperfoco que fazia isso. Ele sempre tinha algo que lhe interessava e precisava ver várias vezes: primeiro foi "formas", depois "Numberblocks", depois "corpo humano" ele gostava de ouvir os vídeos todos em inglês, lembro bem que até falaram que ele iria ser médico. Depois ele hiperfocou em "bandeiras do mundo", depois as "capitais do mundo" e ainda nos "mapas do mundo" e o detalhe: tudo isso em inglês. Depois ele gostou muito do "Alphabeth Lore" tudo em inglês também e com música, isso era um fato que observava. Como ele me pediu muito comprei a ele 2 letras do Alphabeth Lore, o "H" e o "K" que eram os preferidos.
Comprei um quebra cabeças de países para ele, montou algumas vezes, ele gostava muito de imprimir bandeiras, ele pintava e ajudava ele a colar nos palitos de churrasco. Uma vez depois de reunir todas as bandeiras espetamos numa tampa de caixa de papelão ele sempre mexia, arrumava, interagia com elas, mas sempre precisava de alguém, sozinho, nunca.
Autismo leve (nível 1): o que é e quais as características
Pesquisei bastante sobre o assunto e vi que havia um risco em afetar o desenvolvimento cerebral de crianças com remédios fortes, que o desenvolvimento completo do cérebro se dá por volta dos 7 anos. Conversei com meu marido e resolvemos aguardar. Tentei alternativas com xaropes a base de maracujá mas não funcionaram para ele.
Mas a neuropediatra tinha encaminhado meu filho para fazer Terapia Ocupacional, nem sabia que existia isso, achei interessante e vi que seria ótimo para o Vitor. Encontrei uma terapeuta que ele se adaptou rapidamente, ela estava sempre sorrindo mas era muito firme com ele, as vezes achava que até demais, no meio das crises dele ela mantinha sua palavra e demorava muito para ele se recuperar, ouvia os gritos vindos da sala, quase desisti do tratamento, tentei conversar com ela a respeito do autismo mas ela disse ele não parecia autista. Cheguei a encaminhar alguns vídeos sobre o comportamento dele em casa e ela demonstrava que o comportamento dele era a minha maneira errada de educá-lo. Me senti novamente incompreendida, mas não quis deixá-lo sem atendimento, principalmente porque já estava sem medicamento. Sofria muito internamente. Além disso meu marido sempre afirmava que eu estava exagerando que ele só era irritadiço que quando crescesse essas crises iriam passar. Mais uma incompreensão. Mas eu tinha razão: como o hiperfoco está relacionado ao espectro!
Sinais de autismo em crianças de 7 anos
Quando o Vitor ficou um pouco maior, com 6 anos ele passou a conhecer os joguinhos de internet e teve o hiperfoco primeiramente no "Plants versus Zombies" depois no "Pocket Ants" e "Minecraft", este último não gostei nada pois passou a focar nos yotubers rapazes que ele assiste até hoje contra a minha vontade pois não ensinam nada, falam com muitas gírias e mostram valores diferentes daqueles que prezo e procuro ensinar pra ele. Estipulo um horário para assistir mas é uma luta, ele quer sempre assistir mais. Mas sempre coloco um temporizador com uma musiquinha que avisa que o tempo acabou e ele demora até parar realmente, uma luta diária.
Resolvi comprar para ele uma cama elástica pequena já que a terapeuta me contou que ele gostava muito da que ela tinha, sempre pulava e ajudava a diminuir a ansiedade. Tive que fazer uma capa pois onde tem as molas o pé dele entra e machuca. Comprei também um teclado de brinquedo já que ele gostava de música, durou poucas semanas, ele batia muito forte, derrubava, as vezes jogava longe, parecia não perceber que era desajeitado para apertar as teclas e cuidar de seus pertences. Mas enquanto durou percebi que ajudou muito, notei que ele conseguia tocar algumas musiquinhas decorando a ordem das teclas, tinha uma memória visual e auditiva muito desenvolvida.
O
Transtorno de Asperger, que é um subtipo do Transtorno do Espectro Autista
(TEA), pode se manifestar de várias maneiras em crianças aos 7 anos. Embora o
Transtorno de Asperger seja agora diagnosticado sob o termo geral
"Transtorno do Espectro Autista", alguns sinais típicos podem
incluir:
- Dificuldades de Interação
Social: A
criança pode ter dificuldades em compreender normas sociais, fazer amigos
ou manter interações sociais apropriadas para a idade. Pode parecer
desinteressada em brincadeiras coletivas ou ter dificuldades em
interpretar expressões faciais e linguagem corporal.
- Comportamentos Repetitivos e
Interesses Restritos: Ela pode demonstrar interesses intensos e
focados em tópicos específicos, muitas vezes desproporcionais para a
idade. Além disso, pode engajar-se em rituais ou rotinas repetitivas e
ficar angustiada se essas rotinas forem interrompidas.
- Dificuldades de Comunicação: Embora a linguagem possa
ser desenvolvida, a criança pode ter dificuldades na comunicação não
verbal, como entender nuances e metáforas. Pode também ter uma fala que
parece formal ou robótica e dificuldade em manter uma conversa.
- Sensibilidade Sensorial: A criança pode ser
altamente sensível a estímulos sensoriais, como luzes, sons, texturas ou
sabores. Isso pode levar a reações desproporcionais a estímulos que outras
crianças podem achar toleráveis.
- Dificuldades de Coordenação
Motora:
Pode haver desafios na coordenação motora fina e grossa, como dificuldade
para escrever, usar utensílios ou participar de atividades físicas.
- Pensamento Literal: A criança pode interpretar
a linguagem de forma muito literal e ter dificuldades em entender piadas,
sarcasmo ou figuras de linguagem.
- Interesses e Habilidades
Especiais:
Muitas crianças com Asperger desenvolvem habilidades avançadas ou um
interesse profundo em áreas específicas, como matemática, música ou
ciência.
- Desafios Emocionais: Pode haver dificuldades em lidar com mudanças ou situações novas, levando a estresse ou reações emocionais intensas.
Meu filho foi diagnosticado como Asperger, ou seja, nível 1 de suporte mas hoje em 2024 o termo é simplesmente TEA e dizer que é leve depende da ótica, pois o emocional é totalmente abalado e causa grande sofrimento para a criança e para quem cuida dela.
Penso que a principal diferença é que a criança fala e às vezes consegue expressar o que lhe causa incômodo, medo, frustração, etc. Já as crianças autistas que não falam é mais difícil pois muitas vezes não conseguimos entender o que está lhe causando o incômodo, o medo e a frustração...
Em 2024, o Transtorno de Asperger é diagnosticado
sob o termo mais amplo "Transtorno do Espectro Autista" (TEA). A
classificação do Transtorno de Asperger foi integrada no diagnóstico de TEA
pela American Psychiatric Association (APA) com a publicação do Diagnostic
and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-5) em 2013.
O DSM-5, que é a principal referência para
diagnósticos psiquiátricos, consolidou diversos diagnósticos relacionados ao
autismo em um único espectro, refletindo uma compreensão mais abrangente das
variações no comportamento e na função social. Assim, o diagnóstico de
Asperger, antes considerado um transtorno separado, agora faz parte do espectro
geral do TEA. No entanto, muitas pessoas e profissionais ainda utilizam o termo
"Asperger" para se referir a indivíduos com características mais
leves do espectro, especialmente em contextos informais ou em discussões sobre
a identidade pessoal.
Portanto, enquanto o termo técnico para o
diagnóstico é "Transtorno do Espectro Autista", a expressão
"Asperger" pode ser usada para descrever indivíduos que se encaixam
em um perfil específico dentro desse espectro.
Finalmente um conteúdo autêntico e prático, adorei!!
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