Mulheres Autistas: elas existem e precisam de atenção As mulheres autistas são normalmente diagnosticadas tardiamente porque sempre mascaram suas características pois pensam que camuflando sua personalidade e dificuldades serão aceitas socialmente. Minha filha Caroline de 28 anos não é diferente disso. Justamente pelo mascaramento e nas tentativas frustradas de se manter parecida com a maioria, tem crises de meltdown e shutdown constantemente. Os motivos podem variar, muitas vezes após muitas interações sociais em determinado dia, em algumas horas posteriores a crise de choro vem e as vezes quando é mais grave ela parece desligar do mundo e fica deitada por horas sem fazer nada, quase imóvel e alheia a tudo. Neste momento ela até perde a noção do tempo. Algumas vezes essas crises podem ser sensoriais, causadas por algum som, luz ou gritos. Alguns exemplos que ela vivenciou: Certo dia, quando...
Até o Vitor fazer 7 anos optamos por não administrarmos medicação, mesmo sabendo que ele precisava, pois queríamos preservar seu desenvolvimento cognitivo e neurológico que ainda estavam em desenvolvimento. Foi muito difícil essa fase. Ele tinha comportamentos explosivos com frequência, chegou a quebrar o box de vidro do banheiro, nos deu um grande susto, se machucou e ficou depressivo após o ocorrido, arrependido. Percebemos que ele não tinha nenhum controle sobre sua raiva e frustação. Tudo porque ele jogou água gelada no pai na hora do banho e meu marido fez o mesmo para ele perceber como se sentiu mas ele explodiu e bateu com força o box que se espatifou com tamanha força. Fiquei desnorteada com a situação, meu estresse aumentou e minhas dores da fibromialgia também.
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Vitor também quebrou a estrutura de madeira do sofá da sala de tanto pular, por isso resolvi colocar a cama elástica dele na sala, está lá até hoje, ajuda muito a baixar a ansiedade, agitação e hiperatividade. Percebo que piora logo após as refeições, parece que o pouco de açúcar que ele ingere no suco ou na sobremesa já altera rapidamente a hiperatividade no cérebro, ele fica pulando e dando gritinhos, às vezes nos dá tapinhas, muito dolorosos para mim que tenho o corpo a flor da pele, inclusive.
Nesse período difícil ele nos deu um susto maior ainda: quebrou o braço. Meu marido o levava para passear na garupa de sua bicicleta e ele em sua inocência, estava de pé na garupa e segurou num galho de uma árvore, imediatamente foi puxado para o alto da árvore e com o peso de seu corpo ele não conseguiu segurar e caiu com o cotovelo no chão, no impacto, quebrou. Chegou pedindo perdão e entrei em crise de nervosismo, tentei disfarçar a emoção que estava e fui com ele ao hospital segurando seu braço para sentir menos dor e ele foi xingando a cada balanço do carro.
Foi o pior dia da minha vida, no hospital percebi algo estranho pois vi que demorava muito mais que o normal e precisei desabafar meu medo e meu desespero com minha irmã no celular. Estava certa: ele estava fazendo uma cirurgia, com anestesia geral, minha irmã me acalmava dizendo que ele tinha ótima saúde e tudo iria dar certo. Fiz uma oração e tentei entregar essa ansiedade a Deus pois estava muito pesado para mim.
Senti vontade de socar meu marido, onde já se viu não usar cinto de segurança nem capacete no Vitor? Agora não adiantava mais isso. A falta de medicação tinha um preço, estava muito alto para mim. Notei também que meu marido ficou depressivo com esses acontecimentos. Acho que ele começou aí a perceber que o Vitor realmente tinha algo de diferente...
Comportamento de autismo leve 😞
Comuniquei a terapeuta ocupacional dele o que ocorreu e senti ela muito fria e distante. Questionei novamente se ela achava que ele era autista, mas ela disse que não que os sintomas são parecidos em diversos transtornos e insinuou que o problema estava no ambiente familiar. Nossa cheguei a acreditar nisso, que nós estressados estávamos causando ansiedade no Vitor e na minha filha Caroline e tudo estava saindo do nosso controle. Me senti culpada por vários meses e tentei fazer de tudo para termos um convívio mais leve, mas ficou complicado, pois não conseguia apoio de ninguém e meu marido ainda não me apoiava em relação aos cuidados que deveríamos ter com o Vitor.
Para começo insisti que na hora dele sair do carro precisava ser sempre pelo lado da calçada, mas quando observava meu marido ele não cumpria o combinado, deixava ele livre e só falava com ele, como era distraído, ansioso e impulsivo, me preocupava e estava sempre muito ansiosa pois não sentia segurança no meu marido e nem no Vitor.
Mas como é o comportamento da criança com autismo?
Piorei muito de dores e ansiedade nessa fase, pois não tinha o apoio do meu marido e me sentia incompreendida. Nas terapias do Vitor notei que tinha um portão que ficava aberto e pedi a terapeuta se poderia ser fechado pelo menos enquanto ele tivesse em sessão. A terapeuta disse que eu estava exagerando, que meu filho já estava acostumado, que não tinha cabimento o que pedia. Resolvi ficar de pé durante as sessões para evitar que ele saísse correndo e fosse atropelado. Meu sentido de mãe me alertava que precisava cuidar dele mesmo que ninguém me entendesse. Sempre estava ansiosa e atenta a ele, tirei todos os objetos perigosos de casa, um rack de tv pois sempre se machucava nele, enfeites, cortinas, tapetes, tesouras, facas, estiletes, almofadas do chão que ele mesmo jogava e depois tropeçava nelas, até hoje faço isso, sempre oriento que tire os calçados do chão e brinquedos, graças a Deus ele me ouve hoje. Sobre descer do carro do lado da calçada também...
Nesse período conturbado de dúvidas se valia a pena deixar de medicar o Vitor tivemos outro incidente que me marcou muito negativamente. Ele teve uma crise de falta de ar que nos assustou muito. De repente ele começou a balançar as mãozinhas tentando nos avisar que algo não ia bem mas percebi que não conseguia respirar. Imediatamente coloquei uma bombinha de clenil que o médico uma vez tinha receitado e percebi que deu um alívio momentâneo, logo vi que precisava fazer alguma coisa. Corri ao pronto socorro público e na angústia tentei pedir ajuda, estava bem alterado meu humor, talvez tenha sido a grosso modo pois estava realmente preocupada, o atendimento estava lento e a cada minuto ele piorava. Eu pedia que me ajudassem mas em vão, mandava que aguardasse, apenas. Um médico indicou que continuasse com inalações de clenil e fizesse um raiox do pulmão, fizemos e na hora de mostrar o exame mudou o médico de plantão, este não queria o clenil queria que fizesse inalações com outras medicações, daí surtei de vez, no exame ele estava com o pulmão todo inflamado por isso estava trancando sua respiração, questionei de um antibiótico mas queriam a tal inalação, chamaram conselho tutelar pois chegaram a achar que não era boa mãe para meu filho, acho porque pedia o antibiótico, ele piorava muito rápido estava aos prantos implorando que internassem se fosse preciso mas ele precisava do antibiótico, depois de tanto chorar a médica resolveu dar a dose do antibiótico na veia e o restante seria em casa, ele deu pequenos sinais de melhora e eu de piora, estava exausta, me sentindo mal, mal compreendida e sobrecarregada. Eu realmente não me sentia bem. Meu Deus que fase difícil.😓
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