Lembrei de minha filha Caroline que quando era criança era a mesma coisa, ficava enérgica quando comia doces. Depois lembrei que também era irritada, nervosa, agitada, hiperativa, tinha dificuldades para lidar com a frustração, começou de pequena e só comia no pratinho dela, não podia mexer em seus brinquedos...nossa fui fazendo uma análise e guardei tudo em meu coração.
Procurei outros médicos para o Vitor, os neurologistas pediam exames cerebrais mas como ele não parava quieto e nem dormia para fazer os exames, me pediram para sedá-lo totalmente, fiquei receosa e não fiz, eu já sabia que ele era autista, não precisava confirmar e correr o risco.
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Procurei outros, falaram que o seu comportamento era falta de educação correta, que não estávamos educando ele de forma assertiva. Fiquei chocada com o absurdo, podíamos discutir de vez em quando mas éramos amorosos com ele e ele conosco.
Finalmente ele fez 7 anos e iniciamos as medicações, mesmo com aperto no coração. Mas estava muito difícil, ele só falava aos xingamentos conosco e precisávamos diminuir seu sofrimento. No início foi péssimo, tivemos que mudar várias vezes a medicação pois não fazia efeito nenhum. Depois de 6 meses começou a dar certo e percebemos melhora de 60%. Tive que gravar vídeos dele para mostrar a psiquiatra como ele se balançava, tinha irritabilidade e as vezes batia a cabeça na parece em suas crises. Quando mostrei a ela, disse: "sim certeza, depois desse vídeo, ele realmente é autista" mas como falei que só tinha notas altas na escola, ela achava que ele tinha altas habilidades.
Mesmo depois de tomar os remédios para diminuir um pouco o sofrimento dele e nosso ele ainda tinha algumas crises de raiva que nos pegava de surpresa.
Sempre pedia ao meu marido que parasse com brincadeiras de dar tapas pois ele saía do controle, mas meu marido nunca me ouviu, nunca colocou em prática as minhas intuições de mãe. Brincava com ele de lutinha e acabava apanhando e as vezes machucando o Vitor, deseducando o pouco que conseguia construir nele. Andava sempre triste e estressada com toda a situação. Nunca mudava.
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Nesse período a minha filha Caroline teve algumas crises, ela tinha crises constantes por não se achar capaz de realizar as coisas. Se sentia inferior aos colegas, começava a estudar mas não terminava, iniciava aulas de música e logo parava... mas ela toma antidepressivo desde os 14 anos e faz terapia também.
Senti um gigantesco alívio, pois já me sentia culpada há tempos. Entendi muita coisa, percebi que não era o ambiente familiar, era genético, eu tinha o gene, o fenótipo autista e imagino ser de meu pai pois ele tem transtornos: depressão, dores no corpo fortes, terror noturno...Entendi porque minha filha não conseguia namorar, trabalhar, estudar, tinha crises para tirar a carteira de motorista, medos sem sentido, traumas.
Além disso entendi porque todo mundo falava que ela era assim por que eu não soube educá-la, prendi muito em casa, não deixei ela cortar o cordão umbilical, e por aí vai...
Somente quando entendi que EU não tinha culpa de nada, senti o verdadeiro alívio. Entendi que eu jamais teria culpa do autismo que apenas estava em mim pelas células reprodutoras do meu pai que me geraram, nem ele tinha culpa, a hereditariedade é algo natural e que não temos acesso para mudar nada. A partir daí comecei a pesquisar tudo sobre o assunto no instagram, em livros e sites. Virei expert em autismo.
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